Como usar a imperfeição para alcançar a perfeição

É importante se orgulhar de toda criação do homem no mundo, não somente das obras criadas na actualidade. Mas, todas as obras criadas desde o passado até aos nossos dias.

Inspiramo-nos tanto na natureza que nem se quer nos damos conta disso. Suponho que a falta da atenção deste fenómeno seja devido ao imediatismo e a pressão que sentimos de criar obras perfeitas. Eu, em particular, penso que essa busca constante da perfeição seja normal. Além disso, tudo que existe na natureza possui sua forma e sua função, tanto que é que expressão “A forma segue a função” aplica-se profundamente a natureza. 

Me permita dar um pequeno exemplo: Uma árvore possui tronco, que tem a função de servir de suporte a caules e que os mesmos caules têm a função de suportar a haste, e a haste de suportar as flores que consequentemente brotam as frutas. Essas funções são exteriores. Entretanto, há ainda processos que ocorrem na entranha, como é o caso do transporte da seiva através do caule, a captura da radiação solar pelas folhas através do processo da fotossíntese e etc. 

É importante relevar o facto de que não foi sempre assim, segundo a criação do cosmo. Antes das leis da natureza agirem de forma ordenada, supõe-se que foi através da desordem que chegou-se a ordem.

Não é de se espantar, pois o mundo é por natureza dinâmica, ou seja, está em constante transformação. Toda via, entender que um conceito é impensável sem seu oposto ajudará a todos os homens que dedicam-se em criar algo, a agirem e evoluírem conforme as leis que regem o mundo. Tudo de forma harmónica.

“O conceito é impensável sem seu oposto. O conceito acompanha o seu oposto. Nenhum conceito é efectivo sem seu oposto”

Todo conceito tem seu oposto. Eis alguns exemplos: Muito bom – Muito mau; perfeito – imperfeito; Muito agradável – muito desagradável.

Bom, como seres com necessidade de evoluir em todos os aspectos da vida. Se entendêssemos que a mudança é um processo crucial no desenvolvimento de qualquer habilidade, seriamos mais tolerante às nossas próprias ideias, tanto quanto criativos. Pode se reforçar com aquela ideia de que o talento é resultado do esforço aplicado.

Daí que acho que seja normal duvidar, as vezes, da falta de perfeição nas nossas obras. Pois existe o seu oposto, que é a imperfeição. Logo, surge a necessidade de não compararmos as nossas obras com as obras alheias, porque isso para além de gerar frustração, pode ferir a nossa sensibilidade e nos fazer não progredir, se muito, nos fazer desistir.

Também porque acredito que a evolução individual é percebida apenas quando há comparações entre as nossas próprias obras, e/ou adquirimos uma visão mais ampla do conceito por detrás do nosso trabalho, chegando, as vezes, a criar uma espécie de continuidade da obra. Podemos obter um exemplo claro quando olhamos para a marca da Coca-Cola, que é actualizada constantemente. Mas, essas actualizações não são facilmente percebidas, pois são pequenos ajustes por eles feito e que para perceber só comparando dois produtos e prestar devida atenção.

Continuando com o mesmo raciocínio, a designer Paula Scher membro da Pentagram, responsável por criar várias identidades minimalistas, flexíveis e simples como é o caso da identidades actuais da Windows 10 e Citibank. Confessou em umas das suas entrevistas, que durante anos, ela actualizou o logotipo da public theater, porém de forma muito subtil que ninguém percebeu.

Através dos exemplos expostos, podemos tirar um ensinamento valioso que é de sempre buscar a perfeição em nossos próprios trabalhos. Há vantagem nisso! A gente consegue perceber a nossa evolução. Por isso se pretende criar algo, começar com o que tem e com o que sabe é o fundamental, pois a perfeição é resultado de sucessivos experimentos, erros e etc…

No entanto, como forma de criar coisas inovadoras e que funcionem para nosso propósito, se permitir errar é um caminho doloroso, mas recompensador. Não importa o nosso nível de habilidade, o importante é começar. Ex: Já imaginou se por acaso as energias que regem o universo, ou para os crentes, se Deus decidisse não iniciar com a criação do mundo porque não existia nada, e que a desordem fosse o motivo da descrença de que a ordem fosse possível. Onde estaríamos, o que seriamos?

Como usar o tempo ao nosso favor? Bom, tendo noção de que a natureza antes de estar ordenada foi desordenada, talvez possamos levar isso como aprendizagem e inculcar em nós os mesmos princípios. Porém, é importante entender que essa harmonia da natureza é fruto de várias imperfeições que ocorreram durante milénios até se chegar a perfeição que a gente vê hoje.

Contudo, a busca da perfeição é uma vontade positiva. Mas, não basta ser vontade, tem que ser compromisso. Se pretende criar algo perfeito, a única forma de alcançar é se comprometendo e colocar as mãos a obra.

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Imagem: Anna Parine