Marca
O uso de sinais sempre foi um factor determinante para identificar o artista ou o produtor de uma determinada obra. Marcar o produto ajuda na identificação da pessoa ou a empresa responsável pela concepção do mesmo, permitindo, deste modo distinguir a qualidade entre os demais concorrentes. E se por acaso alguém precisar dos mesmos serviços ou produtos teria como identificar a marca e, em seguida procurar a pessoa ou a empresa responsável pela concepção do produto para poder adquiri-los, assim como buscar por mais informações.
A originalidade, simplicidade, clareza e o carácter memorável continuam sendo as características mais exigidas às marcas. Exigências influenciadas pelo surgimento constante de novos homens e mulheres de negócio, que antes de entrarem para o mercado precisam estabelecer uma identidade visual que será a cara da empresa e que reflecte a postura que a empresa pretende assumir. Neste processo, o designer gráfico é o agente responsável pela concepção da marca e a empresa é responsável pela construção dela.
Diariamente empresas nascem, algumas crescem enquanto outras morrem. E as empresas existentes, graças a tecnologia e a ciência podem alcançar o seu público de forma simples, se tiverem o público-alvo bem definido e aplicar as devidas estratégias necessárias. Há algo de interessante nisso, vários designers advogam que as empresas precisam de uma boa marca para serem sucedidas no mercado. Em parte corresponde a verdade. O que realmente determina o sucesso da empresa ou negócio é a qualidade dos serviços que elas oferecem ao seu público e o cumprimento das promessas que elas fazem e não, necessariamente, a marca em si. Sendo deste modo, a empresa responsável por tornar uma marca bem sucedida através da associação que os espectadores fazem em relação aos produtos/serviço com a marca, exemplo, a marca Channel é bem cara quanto o produto que ela representa.
Como já disse Paul Rand, design deve ser vista como parte do investimento da empresa e deve ser tratado como qualquer outro investimento empreendido com vista a alcançar o sucesso nos negócios. Exemplo concreto é a empresa Apple, que descobriu o poder do bom design como um dos factores que determina o sucesso da empresa. Facto este que influencia directamente na personalidade da empresa, servindo como impressão digital.
Existem várias empresas com marcas bem bonitas e funcionais, e nem com isso elas são sucedidas. Aqui, me refiro a marca como sendo signo. Segundo Bolzano, “por signo pode entender-se qualquer objecto de que nos servimos para através da sua representação despertar uma outra representação associada á principal ou então uma característica ou qualidade que, ao darmo-nos conta dela, nos leva a inferir uma outra qualidade ou uma outra coisa.”
Termos como logo, brand, signo, símbolo e marca, na sua essência significam mesma coisa. Porém, os termos têm sofrido mutações ao longo do tempo, ao mesmo tempo que são ampliadas as suas funções e semântica como consequência do advento de novos materiais de suportes, novas médias e etc. É importante entender que quando um designer ou um cidadão comum critica a identidade visual de alguma empresa nem sempre está atacando, directamente, a empresa ou os serviços, tampouco o designer que concebeu a, e sim o seu trabalho. A marca. E isso quase nunca é bem recebido devido a associação que a marca possui com os serviços que a empresa oferece.
"A comunidade deve e tem o direito de colocar o seu ponto de vista em relação ao que é exposto, caso contrário nada evolui."
Podemos notar através da citação acima o poder da marca. Uma vez que a marca for associada a empresa e a qualidade dos serviços, qualquer crítica e qualquer sugestão inerente a marca pode ser percebida como insulto para a empresa e até mesmo para o próprio designer que concebeu a marca. Contudo, a verdade é cruel e necessária. A comunidade deve e tem o direito de colocar o seu ponto de vista em relação ao que é exposto, caso contrário nada evolui.
Nós, os designers de alguma forma somos os agentes responsáveis pela construção dos indivíduos da nossa sociedade. Isto é, os designers são pessoas que projectam uma peça, mas essa peça não é auto expressão. E é para um determinado grupo de espectador, mas não é sobre eles. E é nesse momento que somos chamados a assumir uma postura séria, responsável, usar o bom senso e a capacidade intelectual para produzir um design honesto, se for bonito melhor e que a forma esteja vinculada a sua funcionalidade permitindo uma comunicação efectiva entre o espectador e o produto. Design é a própria comunicação.
"Identidade visual é como impressão digital, basta um toque para ser possível identificar de quem realmente se trata, ou pelo menos, é como devia ser."
Identidade visual é como impressão digital, basta um toque para ser possível identificar de quem realmente se trata, ou pelo menos, é como devia ser. Por isso que em uma época em que a tecnologia permite-nos usar vários órgãos dos sentidos para captar diferentes informações, intensifica-se mais a necessidade de simplificar e estender mais a flexibilidade e funcionalidade da marca de qualquer negócio. A simplicidade não deve ser um objectivo em si, e sim o resultado do entendimento da função e valor do que é proposto.
Em busca pela autenticidade na concepção das marcas, o uso das constantes é trivial que atingiu o seu ponto de saturação chegando a constituir um factor negativo causando ruído aos espectadores na interpretação da mensagem, contribuído deste modo na formação de indivíduos desonestos. Embora haja os que elaboram grandes marcas com um poder distintivos através das constantes, torna-se necessário uma reflexão racional no acto de desenvolver a sua aplicação para que seja possível criar uma espécie de DNA da marca. Pois espera-se que a marca não seja efémera.
Com o avanço vertiginoso da tecnologia, torna-se necessária uma revisão da marca de dois em dois anos. No entanto, é sempre bom que o designer tenha um documento de construção da marca para que possa facilitar, no caso de outro designer precisar revisar a marca. Documento este que servirá como guia para informar a razão da marca e ficar a conhecer aquilo que foi o conflito no acto de criação da mesma, deste modo, o designer conceberá uma espécie de continuidade (evolução) da marca.
Os melhores meios usados para produzir uma marca autêntica que traduz os reais valores dos produtos ou serviços são as formas, as cores, figuras e mesmo uma simples composição dos elementos tipográficos entre si e/ou com figuras.
Com as melhores ferramentas que facilitam a execução de qualquer ideia de forma precisa e rápida existentes na actualidade, parece que a qualidade tende a transformar-se em sinónimo de quantidade. Produzindo deste modo uma falsa ideia do design.
Toda marca tem que ser inteligente, ou seja, toda marca tem de ter uma razão para sua existência pois é através disso que torna-se possível atingir um alto nível de originalidade e relevância da marca para o que ela irá representar.
Design pressupõe a planeamento, design é projecto e isso já mais mudará, e quanto as ferramentas? Acredito que em um futuro próximo não precisaremos tanto de desenvolver tantos skills para usar os softwares. Assim como outrora saber desenhar era um factor crucial para ser um bom designer e agora não é. Se há algo de tão constante com a evolução vertiginosa da tecnologia é a simplificação da vida humana, as máquinas são capazes de substituir os homens no que concerne a execução de tarefas e temos acompanhado essa dinâmica desde a revolução industrial, homens sendo substituídos pelas máquinas em prol de uma produção massiva e mais rápida. Contudo, o futuro é uma incógnita do qual os dados nos são oferecidos pelas necessidades do presente.
Em suma, a construção de qualquer marca precisa ser um resultado de processos intelectual associado ao método cartesiano no acto da resolução do problema, recorrendo às metodologias modernas tendo em conta a o avanço tecnológico.
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