Design sem arte pode
comparar-se ao uso da imagem fiel do coração humano para significar “te amo”,
ou melhor, podemos imaginar que se Milton glaser, ao criar o logotipo I (love)
New York, e tivesse substituído o símbolo abstracto do coração pela imagem real
do coração. Seria BI-ZA-RRO!
Na essência, um designer
é também um artista, um exemplo concreto foi Milton Glaser – treinado, em vida, como um artista – para
além de praticar arte, solucionava problemas da sociedade como um designer,
embora design não seja arte. Design nasce da arte. Ora, um artista, segundo a
definição vulgar, é aquele que através das suas habilidades expressa seus
sentimentos subjectivos como reflexo das suas vivências (Embora exista uma
definição substancial da arte, longe de ser definição absoluta e sim um meio
para compreender minimamente o campo).
Por outro lado, um
designer, ao solucionar um problema, encontra tal como um artista, a solução exprimindo
seus sentimentos subjectivos inerente ao problema em causa, e que preocupação está
em encontrar nas suas impressões subjectivas um significado geral objectivo e o
exprimir de modo convincente a um determinado grupo que se comunicar com a solução
obtida.
Aliás, Robert Delaunay,
um dos artistas pioneiro do movimento cubista, “sem noção” de design em 1914,
na França, elaborou uma obra “Drama
Politique”, cujo público-alvo foi determinado e tinham objectivo que hoje
chamamos de CTA (Call to action, chamar para acção; e obteve sucesso), tal como
acontece no design. Salientar que essa mesma obra era abstracta, porém o
publico alvo compreendeu o que se pretendia disseminar.
Bem que actualmente,
acredito que devesse ser a função de todo artista usar os conhecimentos actuais
disponibilizados através das novas descobertas nas ciências, politica, economia,
e novas técnicas para conceber qualquer obra, assim como é exigido a um
verdadeiro designer.
Somos ensinados que uma
obra de arte é aquela em que quando contemplada, pouca ou quase nenhuma
informação é extraída dela, em alguns casos os próprios artistas recusam-se a
explanar o conteúdo da mesma alegando que a obra fala por si. Sério?! Se fosse
o caso perguntaria para que serve as exposições para além de vender, porquê que muitos que entram em um
atelier para contemplar uma obra saem do mesmo jeito de como entraram mesmo após
terem tido um contacto com as obras? Que impacto as obras têm na sociedade?
Por muito tempo, em
diferentes épocas, a arte foi privilegiada a uma sociedade de intelectuais – um
grupo de “inteligentes” – colocado, deste modo, a margem da classe trabalhadora
que eram, por acaso, a maioria não privilegiada devido o seu estatuto social. analisando
o conteúdo e os pretextos que motivavam as criações das mesmas, não soa estranho
que a poucos interessasse, pois ignorava-se as vivências cotidiana e exprimia-se o
“sublime”, conteúdo casado com forma incompreensível aos iletrados, diferente
das obras de artistas como Picasso, Robert Delaunay e outros, que tiveram muito
a ver com a sociedade e problemas da sua época.
Hoje, é diferente,
principalmente com a democratização da arte, cada dia são novos vocábulos
adicionados em diferentes tipos de artes permitindo com que haja uma
comunicação eficiente entre o emissor e o receptor. Entretanto, hoje, como
defendeu Bruno Munari, o papel do “antigo artista” passa para o designer.
Antigamente eram pulseira de missanga projectadas por artesão/artista, que
serviam para dar prestígio a quem fosse, hoje é o relógio projectado por um
designer… é que a cada mudança surgem novas necessidades.
O designer é o artista
responsável por solucionar problemas da sociedade. Não que designers sejam os
magos ou os inteligentes – os designers são treinados para que, através de
métodos projectuais, consigam humildemente solucionar problemas com que a
sociedade se depara no dia-a-dia, e permitir uma simplicidade na comunicação,
seja produtos, signos, logos experiencia de websites e por aí em diante, isso,
não através da romantização de ideias especulativas e sim da forma racional.
Contudo, como designer e
amante da arte, penso que deve haver uma necessidade por parte de todos os
criadores em buscar pontos que criam ligação entre os diferentes campos de actuação,
ao invés de procurar criar muralhas. Além disso, importa também tornarmo-nos
homens mais activos nas nossas áreas, claro, sem negligenciar o poder da
intuição.
Fonte da imagem: Artsy.net
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