Este artigo é resultado da reflexão sobre a relação
existente entre o designer gráfico e o cliente, assim como a função que um
designer gráfico tem para com a sociedade no acto da resolução dos problemas gerados
pelas necessidades enfrentadas no dia-a-dia na busca de estabelecer-se uma
comunicação visual, como as seguintes: anunciar um novo produto, anunciar uma
nova ideia, comunicar um evento, assim como criar novas articulações de
mensagens visuais para diversas finalidades.
Hoje compartilho da opinião de que um designer gráfico é
limitado pela percepção que possui sobre si como profissional, que tem a tarefa
constante de responder satisfatoriamente as necessidades trazidas pelos
clientes, ou por ele identificado, restabelecendo, assim, a sensibilidade
estética da sociedade ao mesmo tempo que agrega valor ao serviço ou ao produto
em causa. Nesta lógica, o design – a solução – deve carregar consigo um poder
distintivo. Isto porque uma solução trazida por um designer gráfico não se
restringe apenas aos aspectos aparentes; devem ser consideradas aspectos
simbólicos, económicos e funcionais.
Aspectos simbólicos
Considerando que uma peça gráfica tem como finalidade
persuadir ou informar a um determinado público-alvo, é necessário que o
designer antecipe a reacção do público-alvo através das etapas que a
metodologia projectual proporciona. Nessa descoberta o designer busca
compreender o repertório do público ao qual a peça se destina para que possa
satisfazer as necessidades referidas.
Este problema não é difícil, ele só é bastante complexo.
Pois a tarefa do designer no aspecto simbólico é a de buscar um elemento, ou
imagem universalmente conhecido que traduza uma ideia abstracta numa forma
concreta. Geralmente este elemento é fruto de convenção de determinado grupo
social, étnico e etc. Portanto, torna-se crucial a pesquisa – tendo em conta a
dinâmica social, política e económica – para que não se opte por símbolos com
conotações indesejadas que mudam de significado com outros pactos sociais.
Aspectos económicos
Metodologia projectual é um filtro que possibilita
diferentes soluções baseadas nas necessidades do cliente (como iremos ver mais
para baixo). A solução é o resultado das informações com as quais o designer trabalha
e, neles podemos encontrar os factores como a gestão de tempo, onde o designer
será desafiado a criar um modelo padrão, por exemplo, de modo que facilite a
comunicação consistente sem precisar desperdiçar muito tempo na concepção de
diferentes modelos. Esse modelo pode ser considerando como a coerência formal
da parte de um conjunto. Assim como em peças editoriais com finalidades últimas
a impressão; o designer, consoante a informação do cliente, se precisar de uma
livro, por exemplo, bem elaborado e funcional mas que não seja caro na
impressão, o designer pode estudar uma família específica de tipos (letras) que
o permitam ter poucas páginas, sem interferir no próprio conteúdo.
O designer gráfico é um profissional que compreende as diferentes
maneiras de estabelecer o contacto directo com a sociedade através da comunicação
visual na composição e relação de elementos para convencer uma ideia. Essa
ideia que o designer vai articular para construir uma linguagem visualmente
apelativa, persuasiva, informativa e universalmente compreensível vai depender
da informação que será fornecida ao designer gráfico sobre as necessidades do cliente pelo cliente, facto este que evidencia a
importância do comprometimento por parte de todos os envolvidos nessa
interacção.
É interessante analisar a interacção entre o cliente e o
designer gráfico nesse processo. O primeiro pode contribuir significativamente
na qualidade do resultado final do trabalho que estará ao cargo deste segundo.
Portanto, o cliente deve fornecer informações simples, claras e buscando
responder com honestidade as questões colocadas pelo designer; e o designer tem
a grande tarefa de fazer um estudo profundo sobre as respostas fornecidas pelo
cliente numa imersão sem preconceitos, assim como ir além deles, claro, com
parâmetros estabelecidos para que esteja alinhado as reais necessidades do
cliente.
Ora vejamos, por exemplo, se um cliente pretende
publicitar e vender seus produtos ou serviços, sejam eles quais forem,
provavelmente tem a noção de que possui concorrentes (outras empresas que
oferecem produtos ou serviços similares), e nesse âmbito sente a necessidade de
se diferenciar (vender o produto de forma diferente, única e persuasiva). Este
cliente procura por um designer gráfico para que possa ajuda-lo a tornar os
seus produtos ou serviços cativantes, ilustrativos e que o seu público-alvo
possa entender de forma simples e prática, e quão estes produtos ou serviços o
podem ser útil e funcional e convencer de que deve adquirir o seu produto, cujos
provedores no mercado são vários (encontramos mais uma vez aqui o ponto do
poder distintivo da solução).
Pelo enunciado acima, percebemos que o cliente já tem, ou
deve ter uma noção clara do que os seus produtos ou serviços podem ser
benéficos ao seu público-alvo. Porém, não basta simplesmente expor, ou dizer o quanto
o produto é bom e inovador. O cliente precisa usar meios de criar afinidade com
o cliente e o convencer, mas para tal precisará conhecer o repertório do seu
público-alvo e o designer gráfico é o profissional mais qualificado a executar
essa tarefa.
É neste momento em que a intervenção do designer gráfico
torna-se necessária, não porque o designer gráfico é um “sabe tudo” mas porque
ele foi treinado para trazer soluções que dialogam (se comunicam) com o
público-alvo através de etapas chamadas por metodologia projectual.
A metodologia projectual pode ser considerada como sendo
o meio em que o designer gráfico busca transformar a necessidade do cliente em
uma narrativa (história) visual, que vai permitir com que o público-alvo
consiga se ver a usar o produto, por ter se identificado pela forma que o
produto é apresentado, de forma simples, atraente e consequentemente persuasiva
– Aí vem a materialização de uma ideia abstracta em uma forma concreta.
Essa metodologia projectual serve para que o designer
gráfico, através das informações fornecidas pelo cliente sobre os produtos ou
serviços, possa buscar uma maneira ideal de estudar como é que pode fazer com
que o público-alvo se sinta maravilhado com esse resultado. Pois bem, no design
gráfico nada acontece por acaso. Nenhuma cor é escolhida por ser simplesmente
bonita, tudo é escolhido tendo em conta a psicologia do público-alvo, as
preferências do público-alvo, e os símbolos conhecidos pelo público-alvo, ou
seja, o designer projecta ou chega a uma solução que deve ser compreensível
para todos, mas com o foco central ao espectador ao qual a peça se destina.
É nesta lógica que não se pode chegar a uma solução
baseado nos gostos pessoais do cliente que o contrata e nem em seus gostos
pessoais. Essa solução seria como se o cliente fosse um filme, e a legenda
fosse o trabalho do designer que se destina a facilitar a compreensão do filme
(produto) ao espectador.
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