Sempre que nos deparamos com um filme bem executado, é fácil compreender ou ter uma ideia da história que se pretende narrar numa peça cinematográfica. Por mais que a gente não perceba, a composição do cenário em que a cena se desenrola é configurada baseada numa lógica contextualizada, um conceito. Os elementos que nos são apresentados devem ser relevantes ao conteúdo que se pré-estabelece. Nada é por acaso. Mas outras coisas podem ser propositadas, depende do gênero do filme.
Algo que podemos aprender com a produção de um filme bem executado, desde a sua pré-produção até a pós-produção, ao relacionar ao Design gráfico, é a questão de que cada elemento tem de cumprir a uma determinada função, seja ela simbólica ou estética.
Um filme que tem como objectivo transmitir ou narrar uma estória de índios, por exemplo, – o termo aqui usado serve mais como um símbolo por convecção e não se pretende, de alguma forma, usa-lo em termos depreciativos – dependendo do formato, em termos visuais e sonoros, será repleto de signos e referências inerente a essa cultura. A isso vamos chamar de coerência. Entretanto, isso não inibe que os produtores articulem esses elementos e o enredo de forma criativa por se estabelecer um limite que permite dar um valor identitário ao filme.
Qual é a relação entre um filme e o design gráfico?
Essa é uma questão que qualquer um faria. Entretanto, cabe afirmar que a diferença é o movimento. Enquanto que o filme é uma sequência de imagens em movimentos, o design gráfico, em si, como conhecemos, é estático. A semelhança entre ambos é porque são visuais e buscam transmitir uma mensagem de forma simples e clara.
Um filme, geralmente, pode fazer uma tradução visual de um livro de 500 páginas em 30 minutos. Da mesma forma que através do design gráfico pode se traduzir a essência de um livro em apenas uma capa. A questão que se pode colocar em causa é: porque é que nem todo mundo consegue produzir um filme que nos transmita a mensagem pretendida de forma efectiva, mas acredita poder fazer design sem conhecer a maneira ou o método que o profissional faz o uso para chegar a um resultado? No primeiro caso podem alguns afirmar que é devido aos aspectos técnicos, porém, isso não garante que se alguém souber como manusear os softwares terá também a capacidade de produzir o enredo de um filme efectivo. O mesmo deve se dizer sobre o design gráfico; não é a noção e a habilidade técnica que confere a capacidade de se produzir uma peça que comunica de forma simples e clara a mensagem pretendida por simplesmente conhecer-se a forma como os softwares funcionam.
Será que há só um tipo de pessoa que pode fazer design?
Todo mundo pode ser designer gráfico, assim como conceber uma peça de design gráfico. Só há necessidade de esclarecer que para que se consiga fazer isso, a pessoa tem de usar o método que é próprio dessa actividade. O design é feito para individualidades, essas que compõem uma comunidade, ou sociedade doptada de crenças, essas que são regidas por um tipo de linguagem. Assim como um profissional tem a noção da constante dinâmica dessas mesmas comunidades no tempo e no espaço, ele vai buscar constantemente, através da sua lógica exacerbada, formas inovadoras de trazer uma solução flexível. E para tal é necessário que conheça os padrões estéticos do público ao qual a peça se destina, e como é que a mensagem deve chegar a eles; podendo ser de forma cómica, mais formal entre outras diferentes formas.
Portanto há que se quebrar a ideia de que o designer é um profissional que pensa e executa aquilo que acredita, e começar-se a pensar que durante o processo da construção ou elaboração de uma mensagem visual, considera antes, a forma de tratamento da mensagem que se pretende difundir, e depois o público ao qual a mensagem se destina; para consecutivamente pensar num formato e material ideial que vai ser usado para fazer com que a mensagem seja clara e objectiva, para além de ser inovadora mesmo que o público não note. O design tem de ser honesto.