É comum ouvir a expressão “julgar o livro pela capa”, e durante a execução dos recentes trabalhos editoriais tive a oportunidade em não só trabalhar nas capas, como também na estruturação do conteúdo de autores para compor o miolo que é também uma parte que compõe o livro e que é uma responsabilidade incumbida aos designers gráficos e, com essas experiências pude reflectir bastante sobre a minha função como designer gráfico.
Ser designer gráfico transcende, pela minha experiência, a actividade de manusear simplesmente os softwares; ser o profissional que se dedica na configuração de uma linguagem visual exige enorme responsabilidade. Ainda neste contexto editorial é certo que o leitor entrará em contacto com a obra visualmente, porém há também outros sentidos que entrarão em acção durante a interacção do leitor com esta obra e o conjunto da experiência sensitiva vai determinar o proveito que o leitor irá ter com a obra e é por isso que acredito que não basta sentar e fazer as coisas, tem que se pensar na pessoa que vai interagir com a obra, antes de mais.
Um livro é o conjunto das partes que o compõem. Sem essas partes este objecto não pode ser classificado como um livro. Portanto, as partes que compõem um livro precisam da mesma importância de atenção.
Geralmente a forma que o designer gráfico vai organizar as informações numa página irá determinar a experiência do leitor. O tamanho de um livro precisa de uma composição específica para que possa dar a experiência única no acto do maneio do objecto, assim como a relação do suporte visual (fonte, mancha gráfica, cores etc.) porque todo objecto que o ser humano entra em contacto com ele tende a fazer uma relação com o seu corpo e esses são aspectos que designers não podem ignorar durante a concepção de um livro ou uma peça editorial.
Hoje acredito ainda mais no poder de um bom design como factor que possibilita uma experiência enriquecedora aos espectadores, isto porque o designer, a cada projecto tem de dar uma atenção específica ao problema que se pretende solucionar, assumindo uma postura profissional que é de conferir ao projecto um resultado que seja justo e que pouco tem a ver com gostos pessoais e que o resultado tende sempre a ser simples e relevante para o projecto em si, onde as partes não podem ser dissociadas.
