Design gráfico para além do conceito que te foi vendido

 

Design gráfico é uma actividade que, a cada dia, perde o seu resplendor na justificativa do dinamismo e das altas demandas do mercado. Mais do que isso, vê-se também que os profissionais das áreas próximas que trabalham directamente com designers tendem a manifestar certa “opinião” no que diz respeito a configuração do vocabulário visual; essa tentativa de “opinar”, o que se aproxima daquilo que conhecemos como dirigir, tende a criar simulacro e não abre, desta forma, espaço para inovação. Essa que resulta de vários experimentos formais do briefing que temos em mão.

O design gráfico tem um alto potencial comunicativo. A compreensão do poder de um bom design está para além da sua forma terminada, é durante o processo que torna-se possível a exploração de novos caminhos. O design que vai se destacar é aquele que possuir em si um diferencial conceitual para além do que vemos em que a “comunicação visual” se restringe a imitação da realidade como se nada houvesse para estabelecer uma comunicação que desafia o intelecto do receptor. 

Encontramo-nos em um ambiente repleto de materiais que permitem vários experimentos inerentes a exploração de possibilidades da comunicação visual. Entretanto, pouco são explorados esses mesmos materiais. Nos tornamos profissionais conservadores.  Poucos são ousados. Gritamos todos constantemente quase em uníssono que somos diferentes, expressando isso da mesma forma, como se esquecêssemos que a maior ferramenta que possuímos é o cérebro e a capacidade intelectual. 

Design gráfico é a ferramenta que nasce exclusivamente para tratar da comunicação visual na sua essência; não vamos nos enganar assumindo títulos que não reflectem determinadas funções. Como resultado dessa falsa postura, encontramo-nos em um mundo mimético que pode ser caracterizado como sendo sem cores porque a cada instante somos bombardeados com “designs” que pretendem nos dizer algo, mas quase nenhum consegue captar a nossa atenção porque é como se todos estivessem a dizer a mesma coisa e a mente ignora o que não lhe é importante. 

Discutir conceito do design torna-se cada vez mais irrelevante porque devemos tratar o design como sendo design, diferente do que acontece que é a comparação do design com outros campos de actuações próximas do design.